FBN | Série Documentos Literários – Periódicos manuscritos

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A Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional realiza, a partir da próxima segunda-feira (3/10), uma mostra de jornais manuscritos do século XIX.

Os primeiros jornais impressos no Brasil datam de 1808, quando a Imprensa Régia foi criada no Rio de Janeiro. Após a Independência, houve uma proliferação de periódicos em muitas províncias do Império, mas algumas circunstâncias, como a escassez de tipografias, o alto custo de material e montagem e o desconhecimento tecnológico, resultaram na coexistência entre jornais manuscritos e impressos durante todo o século XIX.

Dentre as características das publicações manuscritas, importa destacar sua forma de produção: muitos jornais eram feitos em formato in quarto, como os livros, com uma média de quatro páginas, podendo conter ilustrações ou não. Em sua maioria, tentavam reproduzir o formato de apresentação dos jornais impressos, dividindo os textos em colunas ou redigindo-os em letra de forma (caso de O Tiro, de 1896).

Para que houvesse um número razoável de exemplares, os jornais manuscritos contavam, geralmente, com amanuenses, pessoas que eram responsáveis por copiá-los manualmente. Em alguns casos, é possível notar, inclusive, a intervenção posterior de revisores (O Liberal, 1864), com correções e inserções em diferentes caligrafias.

Os jornais eram quase sempre gratuitos e, muitas vezes, apresentavam as notícias em forma de verso, recurso que servia para compensar a impossibilidade de reprodução em massa: o verso facilitava a memorização e a difusão oral dos conteúdos entre seus leitores. Dessa forma, os jornais manuscritos são testemunho de um interessante cruzamento entre a cultura oral e a cultura escrita do século XIX.

Cabe, ainda, ressaltar que a maior motivação para a criação desses periódicos era de cunho político. Seus redatores veiculavam críticas à sociedade, preconizavam a adesão ao Partido Liberal, tratavam de abolicionismo e outros temas ligados à construção da cena pública. O caso mais emblemático é o do jornal A Justiça (1894), produzido pelos presos políticos da Revolta da Armada (1893-1894) encarcerados na quinta galeria da Casa de Correção. O periódico circulava entre os próprios prisioneiros e seu título se apresenta invertido, em uma forma irônica de indicar que a justiça estava de pernas para o ar.

A Biblioteca Nacional mantém em seu acervo 22 desses periódicos, dos quais 20 estão sob a guarda do Setor de Manuscritos. O título mais antigo presente nesta exposição é A Careta, de 1863, produzido na Rua Direita, atual Primeiro de Março, espaço de grande importância comercial no Rio de Janeiro da época.

A exposição, de curadoria da bibliotecária Maria Fernanda Nogueira, ocorrerá durante todo o mês de outubro, de segunda a sexta, das 10 às 18h, na Divisão de Manuscritos, localizada no 3° andar do prédio-sede .

Para conhecer algumas edições dos periódicos manuscritos acesse:

(O Tiro) – http://bit.ly/2cEBqPt
(A Careta) – http://bit.ly/2danbbD
(A Justiça) – http://bit.ly/2dnLsZV
(O Liberal) – http://bit.ly/2dpeHIc

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Uma resposta to “FBN | Série Documentos Literários – Periódicos manuscritos”

  1. Lanchinho da Meia-Noite Says:

    Republicou isso em Lanchinho da Meia-Noite.

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