FBN | Série Documentos Literários – O “Decameron” de Boccaccio

 
A Série Documentos Literários, contribuição da Divisão de Manuscritos, homenageia o escritor Giovanni Boccaccio, no seu aniversário de nascimento.
 
Filho de um mercador toscano, Boccaccio nasceu em Paris (16 de junho de 1313), mas logo se mudou com a família para Florença, onde passou a infância. Deveria seguir a carreira dos negócios, mas, apaixonado pelas letras desde cedo, acabou por estudar Direito Canônico em Nápoles. Ali teve acesso a manuscritos de poesia trovadoresca por intermédio do bibliotecário real, Paolo da Perugia, e conheceu discípulos daquele que seria seu grande mestre, Francesco Petrarca (1304 – 1374).
 
Boccaccio regressou à Toscana em 1341, trazendo uma série de poemas em que tratava de temas comuns nas novelas de cavalaria, mas com uma dose maior de realismo. Em 1348, em meio a uma epidemia de peste que grassava em Florença, refugiou-se em Nápoles, onde escreveu a maior e mais conhecida de suas obras: o “Decameron” (do grego “Dez Dias”), conjunto de cem narrativas que tratam de temas como o amor, a fortuna, a virtude, a traição, a religiosidade. Com influências de Dante e Petrarca, e dando nova roupagem a tramas que provinham de fábulas e contos populares, esse livro viria a ser considerado a base da novelística ocidental e inspiraria obras que por sua vez se tornariam marcos da literatura, tais como “The Canterbury Tales”, a coleção de novelas inglesas de Geoffrey Chaucer (1343 – 1400).
 
Giovanni Boccaccio escreveu até pouco antes de sua morte (Certaldo, 21 de dezembro de 1375), dedicando-se, além das novelas, a estudos clássicos e enciclopédicos. Entretanto, nenhum de seus trabalhos se tornou tão conhecido quanto o “Decameron”. Escrita em florentino e completada por volta de 1353, a obra, inicialmente, circulou em manuscritos diversos dentro dos círculos de mercadores e burgueses, sofrendo várias modificações. Petrarca, que Boccaccio conhecera pessoalmente em 1350, traduziu uma das novelas para o latim, usado pelos intelectuais, e logo surgiram outras traduções na Itália e fora dela.
 
O surgimento da imprensa auxiliou ainda mais na difusão do livro, que alcançou grande sucesso nos séculos XV e XVI. Isso continuou mesmo depois de ser incluído no “Índice dos livros proibidos” (1559) e ter passado por vários expurgos. Contemporaneamente, adaptações cinematográficas, destacando-se a de Pier Paolo Pasolini (1971), ajudaram a popularizar a obra, que foi traduzida em dezenas de línguas e é continuamente reeditada.
 
A Fundação Biblioteca Nacional possui uma edição de 1573 do “Decameron”, publicada na Stamperia dei Giunti, em Florença. Pertenceu à Real Biblioteca e está sob a guarda da Divisão de Obras Raras, podendo ser consultada pelo link
 
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