
“Camões e o escravo Jau” – Manuel de Araújo Porto Alegre. Nas mãos do poeta moribundo está uma cópia de Os Lusíadas.
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Hoje é celebrado o aniversário de morte de Luís Vaz de Camões, considerado o principal poeta da língua portuguesa e figura de destaque no cânone da literatura ocidental. Sua obra enlaça, de modo ambivalente e vivo, a herança da antiguidade clássica, elementos da tradição trovadoresca e da cultura do renascimento (como o impulso quinhentista de revisão e expansão do mundo europeu pela experimentação empírica). A maestria formal e a força e particularidade da combinação destas diferentes matrizes garantem que sua obra continue viva e incontornável.
Sua vida pessoal, no entanto, permanece envolta em incertezas: não há muitos documentos comprovatórios de vários pontos básicos e, na história das tentativas de estabelecimento de uma narrativa biográfica coerente e confiável, as lacunas tenderam a ser preenchidas com recurso a especulação e manipulação de datas e fatos. Não há comprovação, por exemplo, das datas exatas de seu nascimento e morte, apenas os anos aproximados. A data de 10 de junho de 1580, portanto, é uma data convencionada pelos costumes das comemorações. Isso tudo afetou até mesmo a repercussão de sua obra: com exceção de Os Lusíadas, apenas 3 poemas foram publicados com o autor em vida, de modo que a discussão sobre quais textos realmente podem ser atribuídos a Camões chegou ao século XX.

Manuscrito do início do episódio de Inês de Castro, do Canto III de Os Lusíadas, em tradução francesa de H. de Courtois.
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mss_I_07_10_088/mss_I_07_10_088.pdf
Em Portugal, o dia de hoje é feriado nacional e comemora também a autonomia, unidade e características nacionais do país: grupos liberais republicanos aproveitaram o tricentenário da morte de Camões para promover manifestações antimonárquicas e instauraram feriado municipal em Lisboa. Posteriormente, o Estado Novo de Salazar tornou a data um feriado nacional e adicionou às comemorações o chamado “Dia da Raça”, que procurava exaltar a ideia de uma grande nação portuguesa, de originalidade e capacidade singulares e espalhada pelo mundo após a expansão colonial, mas unida por valores partilhados e pela língua. Para o nacionalismo, a justificação da manutenção do império português ultramarino era central – e Camões foi tomado como seu principal ícone cultural. Com a derrubada da ditadura, em 1975, o 10 de junho passa a chamar-se “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”.
A Biblioteca Nacional homenageia Camões disponibilizando para consulta e download a edição de 1572 do livro “Os Lusíadas”: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_obrasraras/or633602/or633602.pdf

“Olisippo Lisabona”: Lisboa no século XVI. Mapa feito por Avity, Pierre d’, sieur de Montmartin em 1649.
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