Perfil – Mônica Carneiro Alves e o acervo iconográfico da FBN

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Mônica Carneiro Alves conhece o acervo iconográfico da Biblioteca Nacional como se fosse a sua própria família. Especialista em indexação e profunda conhecedora do acervo iconográfico da Biblioteca Nacional, bibliotecária lida diariamente com o maior patrimônio de imagens do país, que considera como sua “família”, tamanha “intimidade” que tem com as obras.

Formada em Biblioteconomia pela UNIRIO, ingressou na Biblioteca Nacional (BN) como estagiária, em 1985. Um ano e meio depois voltou como funcionária e hoje atua no acervo de Iconografia, como bibliotecária de referência e coordenadora substituta do acervo especial.

“Quando entrei na BN como estagiária trabalhei na área de tratamento técnico – atividade que cuida da catalogação, classificação e indexação dos documentos. Mais tarde, quando voltei como funcionária do acervo de Iconografia, recebi treinamentos tanto em acervo especial quanto em tratamento técnico para indexação”, conta Mônica. Nesse campo, foi coautora do Manual Para Indexação de Documentos fotográficos, com Sergio Apelian Valerio e Graziella de Castro Pigozzo, obra publicada em 1998 e viabilizada pelo Projeto de Preservação do Acervo Fotográfico da Biblioteca Nacional – PROFOTO, coordenado pelo servidor Joaquim Marçal Ferreira de Andrade.

“Atualmente, atuo principalmente como bibliotecária de referência, ajudando o público a encontrar o que procura, e também sou responsável pelo processamento dos livros antigos do setor de Iconografia. Até hoje, realizo buscas no acervo de Obras Gerais para transferir para a Iconografia, o que chamo de ‘arqueologia de armazém’ ou ‘garimpagem de acervo’”, conta Mônica.

O acervo de Iconografia guarda gravuras, fotografias, desenhos e efêmeros (cartazes, convites, rótulos, cartões postais, etiquetas e objetos, como, por exemplo, medalhas) e conta com exemplares raríssimos, de valor inestimável, como gravuras em madeira (xilogravuras) do século XV e um Nigello (técnica de gravação a partir de matriz em prata) intitulado “O Triumpho de Galathea Segundo Raphael”, do século XVI. As peças mais recentes são pinturas de autoria de detentos de Bangu e desenhos feitos por crianças de Cieps, doados pelo Acadêmico Marco Lucchesi para compor a exposição em homenagem aos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro, que acontecerá na Biblioteca Nacional e da qual é curador.

Indagada sobre o impressionante domínio que tem do acervo, Mônica comenta: “É importante ter noção de como foi constituído o acervo, conhecer como ocorreu sua formação. Por isso, li os relatórios de todos os chefes antigos, desde o primeiro, pois cada um deixou a sua marca no acervo, que hoje totaliza mais de 200 mil peças”. Para ela, as obras da BN são como uma família: “podemos não conhecer todos os parentes, mas sabemos as características mais importantes de cada um”.

A relação constante com o público e com o riquíssimo acervo iconográfico da Biblioteca Nacional rende casos no mínimo curiosos: “em certa ocasião, recebi um leitor em busca de uma imagem da cartomante de Napoleão Bonaparte. Apesar de não ser uma peça catalogada, consegui encontrá-la, pesquisando em um livro sobre magia e bruxaria”, relata Mônica.

Seu maior desafio é conseguir catalogar todos os livros, para “dar vida” a todo o conjunto de bens da instituição e revelar o seu potencial máximo. “A BN é de todos. Nós, os bibliotecários, somos apenas guardiões. O acervo tem 200 anos e queremos que dure indefinidamente, pois ele não é só de quem está aqui dentro, é um patrimônio nacional”, conclui Mônica.

Para consultar o acervo iconográfico através da BN digital, clique aqui.

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